Anita
Luciane da Rosa Lengler
24 min de leitura
Eu passei a minha vida me perguntando como seria ter uma avó.
Minha mãe ficou órfã aos cinco anos de idade de uma mãe culta, que falava línguas estrangeiras, bordava e costurava roupas da moda, uma educação diferenciada para uma mulher que vivia no interior de uma cidade do interior. Por ouvir minhas tias e minha mãe falarem sobre ela sempre com um sentimento de perda e de ausência, cresci com saudade da avó Manuela que nunca conheci.
Quanto à minha avó paterna, Elsa, ela faleceu quando eu tinha três anos e meio de idade. Dela, eu lembro, por incrível que pareça, do jardim de muitas flores que ela cultivava ao estilo alemão, todas as plantas misturadas, um jardim caótico onde eu me embrenhava pequenininha e, olhando para cima, via as flores de baixo para cima e imaginava castelos e nuvens feitos de rosas, camélias e dálias coloridas. Ali, o céu era feito de flores e com aroma de camélias e jasmins. Quando lembro do cheiro da casa da minha avó, é um blend de doces em calda que ela fazia misturado com o perfume das flores e, por alguns momentos, é como viver no céu de tanto amor que essa recordação, que eu nem sei se vem da realidade ou se vem do sonho da criança que fui, me traz.
Como teria sido a minha vida se eu tivesse tido por mais tempo a presença doce e delicada de uma avó? Não há como eu saber do aconchego, do acolhimento, da candura e da presença que não tive, mas sei é que me fez muita falta.
Acho que, para compensar, ouço e relato histórias onde a presença da mãe ancestral se concretizou para outras pessoas em proteção, comidinhas, histórias familiares e carinhos tantos. Penso com uma pontinha de inveja que é feliz quem recebeu esse amor das Elsas, Telmas, Lourdes, Dalvas e Anitas....
A história que a Sueli me conta é sobre sua amada avó Anita. Mas é muito mais sobre a Sueli, agora também avó, e de como só sobreviveu a uma vida realmente dura pelo amparo da mãe da mãe no mundo físico e, mais tarde, no mundo espiritual de onde o espírito da avó descia para acompanhar a dura evolução que esta vida guardava para a pobre menina com dotes mediúnicos tão ostensivos.
A avó foi quem a criou, foi morar junto à família da filha casada desde a viuvez e assumiu para si o cuidado da neta rejeitada pela própria mãe, filha da Anita. Assim, o principal desafio desta avó amorosa e presente era o de proteger a criança esquisita que via e falava com pessoas mortas e adivinhava o futuro dos vivos prevendo a morte. Talento que massacrava a criança e assustava aqueles que nada sabiam sobre mediunidade e ignoravam as possibilidades da comunicação entre dimensões.
Para a pequena Sueli, o mundo etéreo se confundia o com mundo físico de forma tão natural que dificultava a percepção da diferença entre eles, além disso, ela não tinha consciência de que esse era um dom exclusivo dela naquele grupo familiar, o que criava confusão na vida familiar e na paz da menina.
Sabe-se que a providência divina acode àqueles que estão neste mundo de provas e expiação, a espiritualidade sempre vai fornecer algum suporte para o enfrentamento das adversidades às quais todos estamos expostos. Quanto maior a prova, maior será a ajuda. Foi oportunizado, para a abrandar as dores da menina, que tivesse a presença física da avó, com quem a neta podia dividir as visões que tinha, as manifestações de espíritos e os sonhos de premonição. E, por um período importante, a presença espiritual do avô.
A avó compreensiva e acolhedora a ouvia e a aconselhava a guardar segredo, não se sabe se acreditava nas revelações da menina ou se pensava que eram fantasias, mas para a Sueli era suficiente ter a avó por perto para compartilhar suas experiências e também para protegê-la dos demais familiares, de quem só recebia repreensão e incompreensão quando agia estranhamente.
A ignorância de um pode ser um chicote na vida do outro que estiver disposto a ignorar e punir a diferença que assusta e intriga.
Quantas surras, quantos castigos a menina sofreu por preconceitos ou falta de entendimento. E quantos a Anita conseguiu evitar com sua presença amorosa e forte...
A Sueli acredita que apesar de não admitir, em algum momento, Anita pode compreender a força da potente mediunidade e nesse dia, com mais razão, blindou a criança das maldades do mundo e se dedicou a ensinar a menina a lidar com as dificuldades e frustrações para encontrar força em si mesma e nas suas experiências espirituais para, finalmente, poder manejar o dom de maneira segura, colocando-se a salvo dos incapazes de a compreender.
Apesar das dificuldades, nem tudo foi dor e medo, havia também divertimento quando a avó viúva ria com as histórias que a neta lhe contava sobre o avô que acompanhava a vida familiar, sempre de olho em tudo, vestindo uma túnica branca e flutuando por aqui e ali, sem os pés.
Esse também era um grande segredo delas e motivo de distração e alívio dos problemas da vida, pois o avô Antônio, que tinha nome de santo, para além do nome, devia guardar alguma santidade em seu espírito, porque sua presença era de luz e graça. Um verdadeiro alívio para as dores das duas mulheres amadas por ele.
Mas os desafios não davam trégua e, perto de completar dez anos de idade, ela que via e ouvia mortos também desenvolveu mediunidade onírica projetiva, ou seja, tornou-se capaz de receber mensagens e adivinhar o futuro, algumas vezes por sonhos que prenunciavam mortes e também por uma voz feminina que falava aos seus ouvidos na vigília, chamando-a pelo nome e anunciando o futuro, mas a voz nunca avisava das partes boas do porvir, só as más notícias e essas eram muitas.
Infelizmente, esse período no início da adolescência foi de sofrimento, já que os sonhos roubavam a paz e causavam muito terror. O pior momento era no cochilo de sesta, quando sonhava com visões de mortes de pessoas conhecidas ou era sequestrada por entidades minúsculas que a levavam para uma dimensão que ela nunca soube entender onde era ou quem eram os seres que se pareciam com pequenos gnomos assustadores.
Quando a criança acordava assustada por algum desses pesadelos a avó a acudia, ouvindo com atenção as premonições e se esforçando em encontrar significados leves para os símbolos do sonho e, docemente, sempre descobria uma forma de contradizer a predição, mostrando outra perspectiva, por exemplo dizia, sonhar com morte é sobre vida, é sonho bom.
E, para distrair a neta dos pesadelos, contava-lhe histórias de sua pátria Portuguesa e da família que ficara para trás na imigração para o Brasil ou a ensinava a rezar para espantar o medo buscar na fé e em oração o conforto que a mediunidade insistia em roubar.
Fazia isso sem menosprezar a experiência da neta, falava com cuidado e prudência, mudando o foco da dor que se antecipava e espantando o medo que as perdas anunciadas plantavam no jovem espírito da neta.
Aos onze anos, a Sueli ouviu essa voz que lhe disse que era chegada a hora da Anita partir para o mundo espiritual. O aviso não chegou a ser uma novidade para a menina, a avó já vinha bastante doente, vivia acamada sofrendo de artrite reumatoide, uma doença contra a qual lutava há anos e para a qual, na época, nem havia diagnóstico, muito menos tratamento eficaz.
Um certo dia, a voz ordenou à menina que saísse de perto da senhora porque estava lhe impedindo o desencarne, segundo a fala que vinha do além, a menina estaria segurando a avó no mundo físico pois lhe transmitia força vital que alimentava o sopro de vida que ainda restava e que a mantinha viva.
A voz explicou que era chegada a hora da partida e que permanecer no mundo físico apenas causaria dor e sofrimento ao corpo já bastante debilitado da anciã.
A mensagem ditada com tanta firmeza convenceu a jovenzinha que sua presença estava dificultando a partida da avó para o plano espiritual, onde ela seria recebida por irmãos de luz para viver melhor e sem dor.
Obediente e não desejando fazer a avó sofrer, Sueli beijou a Anita e foi para a rua. Nesse momento, o fluxo de energia entre elas foi cortado e a avó pode desencarnar finalmente, para o desamparo e tristeza da menina que, por um período, ficou totalmente só.
Mas a dor da solidão não durou muito.
Alguns dias depois, sozinha como sempre, a Sueli estava sentada na escadinha em frente à casa quando ouviu o portão se abrindo. Não reconheceu de imediato a mulher jovem e bonita que entrou, mas ao firmar bem o olhar, reconheceu Anita que voltava para acompanhá-la em espírito, agora mais jovem e saudável.
A mocinha logo entendeu que ela havia voltado para protegê-la e livrá-la da solidão e do desamor, essa avó que, em vida, lhe cumprira também o papel de mãe e que sempre que podia, se interpunha frente à própria filha para resguardar a neta do mau gênio daquela, agora seria sua guia espiritual, substituindo o avô que partira para esferas superiores.
No dia em que a vó retornou, a felicidade da mocinha voltou também, novamente não se encontrava mais só. Trajando um lindo vestido e bem penteada, convidou a neta a entrar na casa com um sorriso no rosto tão amado: vamos para o “nosso cantinho” disse ela.
Elas sempre tiveram um lugar só delas, onde a avó sentava em uma cadeira e a neta no chão em frente e ali conversavam, fofocavam, rezavam e trocavam histórias por horas, ali recebiam a presença de Antônio, a avó ouvia pela neta o que ele contava do céu enquanto costurava algum botão ou fazia alguma bainha em roupa da família.
Juntas novamente, agora após a morte da avó, voltaram ao lugar onde continuaria sendo o cantinho delas enquanto a avó tivesse permissão da espiritualidade para essa presença na vida da neta.
Assim, reunidas novamente, Anita primeiro contou como era o lugar onde fora após o desencarne, disse que foi encaminhada para um hospital onde recebeu tratamento para sua doença dos ossos e que pudera vir encontrar com a neta porque já estava curada.
Contou que, para além do véu da vida, há paz, cuidados e que lá é muito bom de se viver. Na dimensão onde se encontrava, a avó explicou que ocorrem reencontros, aprendizados, muito trabalho e que a evolução continua, que este é um ciclo que nunca se encerra, nascer, morrer, evoluir sempre, esse é o destino de todos os homens.
Mais tarde, quando encontrou seu amado Antônio no mundo espiritual, foi logo contar à neta, sempre buscando assuntos felizes e animadores, para desanuviar os tormentos daquela a quem tanto amava.
Depois deste primeiro reencontro, por alguns poucos anos, a Sueli teve a companhia da avó que a consolava nas dores da adolescência, das surras e castigos impostos pela mãe, na solidão da mediunidade e nos pavores que lhe tiravam a paz ao ouvir as terríveis premonições que a voz da mulher insistia em lhe contar.
A agora mocinha sabia desde cedo que se sua mãe não abandonasse os hábitos e vícios que maltratavam sua saúde, morreria em poucos anos e levaria em seu ventre um filho que gerava e que não nasceria neste mundo.
Sabia que a dor desta perda tiraria a alegria de viver do pai que, poucos dias depois da partida da mãe, tiraria a própria vida, num ato de desespero e fraqueza, muito difícil de perdoar para a moça de dezenove anos que teria que virar adulta de repente e assumir a criação do irmão mais novo.
Mas a avó, quando ouvia sobre isso, querendo afastar o sofrimento que vinha por antecipação, dizia: foca na tua vida, não dá ouvidos para essa voz, segue apenas o teu caminho, tudo vai se ajeitar, tu és forte. Palavras doces e consoladoras que não afastaram a verdade das premonições.
Um pouco antes da mãe da Sueli partir levando o filho que esperava no ventre, a permissão da Anita como guia espiritual foi encerrada e a amorosa ancestral foi evoluir para outro plano. A despedida doeu muito, porque então a Sueli já adivinhava a orfandade que vinha sendo avisada desde a infância e a certeza de que teria que virar adulta precocemente e que teria que desistir do sonho de estudar medicina.
Com a partida dela, terminou o consolo que vinha da comunicação alegre e amorosa. Mas, ao se despedir, avisou a Sueli que, antes de morrer, havia escondido um presente para ela. Que encontrasse e o tomasse para si, mas não usasse ou mostrasse nem para a mãe e nem às tias, porque se elas descobrissem a joia, elas não aceitariam a verdade, diriam que a moça estava mentindo e ela sofreria castigos e agressões injustas.
Então, na última gaveta da cômoda, num fundo falso, a Sueli encontrou, seguindo as instruções da avó, um cordão de prata com um crucifixo.
A avó católica que levou a neta para o catecismo e que a ensinou a rezar e se comunicar com Deus para aliviar suas dores e encontrar paz numa vida tão difícil, ao partir, quis deixar para a menina o símbolo maior do amor de Jesus em sua imagem crucificada, que também veio ao mundo com uma missão de sacrifício e entrega pelo amor ao próximo.
Parece que o crucifixo que a avó entrega para a moça justo quando a vida desta está por sofrer um abalo terrível possa ter sido um lembrete dos ensinamentos passados pelo avô e avó à neta, de que a fé na bondade divina traria a aceitação para o enfrentamento do futuro trágico que espreitava essa família. A missão da neta dali pra frente não seria fácil e exigiria muita força de caráter, qualidade que vem para quem tem fé e confiança nos desígnios do universo. A Anita sabia que os problemas da vida adulta estavam só começando.
Portanto, o presente, entregue pela avó desde outra dimensão quando se despede da neta já moça e a informa que o contato deve ser encerrado, carrega um significado poderoso. Um rito de passagem, onde uma entrega a outra o símbolo maior do sacrifício na cruz pelo amor em uma vida dedicada ao próximo, faz crer que a avó também queria dizer: tua vida, nesse momento, vai ser de sacrifício e doação e isso vai doer, terás que renunciar a muito, mas esta é a tua missão, toma o que é teu com força e fé e nunca estarás só. Nunca estiveste só e esse é o nosso maior segredo.
Durante algum tempo, ela conseguiu manter o presente escondido, cuidadosa com o dote deixado pela avó. Porém, um dia, esquecida do conselho de não mostrá-lo a ninguém em casa, usou diante da mãe. Ela, reconhecendo a joia da Anita, a surrou e a acusou de tê-la roubado, arrancou dela o mimo e ela nunca mais viu aquilo que era seu por direito. Esse fato também carrega uma simbologia muito perturbadora. A mãe que, de certa forma flertou com o suicídio pelo vício e pela má vida, antes de partir, arranca da filha o símbolo do amor e da religiosidade da avó. Quer para si a força que havia entre avó e neta, ânimo que vem, justamente da fé, e que ela nunca encontrou em vida. Pobre mulher, sabe-se lá o tamanho das suas dores.
Essa perda do mimo deixado pela avó e a injustiça da acusação de roubo ainda ferem a lembrança e se misturam com as dores provocadas pela mãe, desequilibrada e difícil, suicida e triste, tão diferente da avó e do avô.
Ainda se lembra com tristeza do mau-humor, da forma violenta de educar, dos vícios da mãe. A mãe era filha de um casal apaixonado, nasceu em uma família formada na base do amor e da fé cristã, cresceu com conforto e abundância. Por que a mãe tanto sofria e a fazia sofrer?
Muito mais tarde, ela própria se tornado mãe e tendo estudado enfermagem, conseguiu, finalmente, entender que a mãe sofria de uma doença para a qual, na época, não havia diagnóstico específico, muito menos tratamento como hoje se dispõe.
Hoje, acredita que a mãe sofresse de depressão, um mal ainda incompreendido naqueles tempos. E, da perspectiva de adulta, conseguiu compreender toda a dinâmica familiar da sua infância e, finalmente perdoar.
Ela entendeu que a presença dos avós, quando falecidos, não estavam lá apenas para cuidá-la e protegê-la da mãe e dos demais adultos. Compreendeu, finalmente, que os pais de sua mãe, provavelmente, soubessem da fragilidade emocional da filha e da morte precoce desta e do marido, e primeiro o avô e depois a avó, permaneceram junto ao grupo para tentar salvar a filha depressiva dela mesma e cuidar dos demais familiares enquanto puderam, sendo a Sueli o canal entre todos eles.
No entanto, apesar da depressão que vitimou a mãe e, por consequência, machucou a família toda, a hereditariedade portuguesa fortalecida nessa relação dos avós com a neta e sedimentada na alma dela pelas histórias contadas por eles garante a continuidade da família que há de conservar essa característica lusitana matriarcal e feminina, onde o protagonismo da mulher ensina sobre sobrevivência e continuidade, fala de proteção e cuidado que auxilia àquelas que vem depois e às que vêm mais para a frente a suportarem as dores inevitáveis da vida, sofrimentos que vêm lapidar o espírito e levar à evolução do ser, embora nunca abandonados pelos bons amigos de luz.
A Sueli foi roubada da joia, presente da avó, mas ela recebeu, por outro lado, uma herança valiosa de fé e certeza de que somos imortais, que a alma segue viva para além do corpo e que aqueles a quem amamos não são tirados de nós, porque o reencontro é uma lei imutável. A Sueli soube ainda pequena que a vida flui como um rio, suavemente às vezes, outras vezes em queda ou com obstáculos, mas sempre seguindo um plano maior de elevação do espírito.
Pela experiência mediúnica no reencontro com amores tão sólidos e eternos, ela pode ter a certeza de que o amor não morre, ele só se desloca para outro plano onde continua em um lugar lindo, onde há curas e tratamentos, estudos, paz e evolução e de onde é possível acompanhar a vida terrena daqueles a quem se ama.
Apesar de não aparecer mais, ainda hoje, muitas décadas passadas, Anita vem jovem e saudável nos sonhos da neta, são sonhos lindos e reconfortantes, momentos de amor e de aconchego que a fazem lembrar que, apesar das dificuldades da vida, ela sempre foi amada e protegida, que nunca esteve de fato sozinha, que o amor ancestral sempre a guiou e dirigiu, dando-lhe abrigo e acolhimento em todos os momentos.
Durante os dias em que conversávamos sobre Anita e Antônio para eu poder escrever a história deste amor ancestral, a Sueli sonhou mais uma vez com a Anita e, durante o sonho, pensou: não estou sonhando, ela vem para me auxiliar a enfrentar a última grande dor que sinto e que ainda machuca, uma dor enorme, a maior dor da vida de uma mãe, a partida de um filho para o mundo espiritual. No sonho, caminhava em uma estrada ladeada de altas montanhas nevadas.
Não sentia frio pois tudo era lindo e luminoso. Seguindo por este caminho ia triste, mas a avó veio a seu encontro e começou a acompanhá-la na jornada. Ela logo entendeu que ela veio para consolar-lhe a partida ainda recente de um filho adulto para o mundo espiritual.
Diante da avó viva em espírito, recordou que a morte não existe, é apenas uma passagem para um outro lugar onde o reencontro está marcado e não vai falhar. Por experiência própria, aceita que a saudade dói, lateja no coração de mãe que está separada do filho e que se ressente da ausência física.
Enquanto caminhavam juntas e na mesma direção, a avó veio lembrar que saudades e dor diminuem pela força da fé no reencontro e pedir que a neta não perdesse a esperança em dias melhores, porque eles sempre vêm. Como sempre, estavam lado a lado, elas que sabem sobre a transcendência da alma, sendo o caminho vivenciado em sonho a metáfora para a difícil jornada evolutiva do ser humano nesta vida, mas a presença da avó ao lado dela, a lembrança de que nunca estamos sós.
As montanhas que ladeavam a estrada falam de permanência, força, concretude e poder. Por representarem elevação, falam de proximidade com o divino, transcendência e superação de desafios pela concretude da fé.
O sonho com a avó é carregado de significados e símbolos e traz uma mensagem dela própria, onde ela vem sempre positiva e informa: não precisa sentir saudades, logo vamos estar todos juntos, nossa família inteira te espera com o teu filho amado que, como a minha, partiu tão jovem.
Mas não quero ver lágrimas nos teus olhos, confia que a dor vai suavizar porque tu sabes bem que há reencontro, que há um lugar onde todo o pranto cessa e reina a luz da divindade que cura, alegra e conforta. E eu estarei lá, ao teu lado no novo caminho, como agora e como sempre estive porque sei que tua jornada não foi fácil até aqui. E finalizou: lembra, Sueli, de sempre agradecer a providência divina que garantiu que não tenhas tido que enfrentar sozinha os teus desafios, sempre percebeste a presença dos irmãos de luz a teu lado, te dando estrutura para passar os obstáculos enormes que se apresentaram no teu caminho.
Dito isso, não falou mais nada, apenas seguiu caminhando ao lado da neta como sempre fez e como será até o dia em que estarão no mesmo plano espiritual, desta vez cuidando dos que vieram e virão depois e assim sucessivamente.
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